A soberba humana
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A soberba humana


O Presidente da CM de Machico, a pedido de um cónego, cortou dois tis [Ocotea foetens (Aiton) Benth. & Hook.f.,], espécie protegida da Laurissilva endémica da ilha da Madeira, porque, pasme-se, interferiam com a estética da igreja matriz (ler notícia na íntegra).

O autarca, porque não tem outro tipo de argumentos, nomeadamente do tipo racional, escuda-se na arrogância do populismo do tipo "quero, posso e mando": "Não vamos deixar de fazer as coisas porque há meia dúzia de indivíduos que entendem que uma árvore é a coisa mais importante do mundo."

Lendo com atenção a notícia, subtilmente percebe-se que as árvores em causa padeciam de uma outra característica que, na actualidade, e em dita terra, parece ser um pecado mortal: tinham sido mandadas plantar, no passado, por um executivo de outra cor política!

Do Cónego Martins, autor do pedido para o abate dos dois tis, como homem da Igreja, esperava-se que compreendesse que as árvores também são obra de Deus. Esperava-se do mesmo, a humildade de compreender que estas, em nada, diminuem a obra humana . E que não alimentasse o falso conflito entre o património edificado e o natural, como se estes não se complementassem e, pelo contrário, fossem incompatíveis.


Em Machico, para se cortarem árvores, basta que os dois homens mais influentes da terra estejam em sintonia nas suas concepções estéticas.
E a opinião das outras pessoas da terra? A tal "meia dúzia" de indivíduos que gostam de árvores? Pois bem, não é relevante e não interessa para nada. "As coisas têm que ser feitas", disse o autarca. Deve ser isto a democracia, digo eu!


As árvores não serão a coisa mais importante do mundo, como disse o Presidente da CM de Machico. Mas não merecem ser cortadas por motivos tão fúteis, em nome da soberba humana.








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