Cambuci, a missão
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Cambuci, a missão


Logo na primeira vez que ouvi dizer que o cambuci é espécie ameaçada de extinção senti por ele uma afeição instantânea. Foi em fevereiro de 2010, durante um curso sobre sementes na UMAPAZ.
Nunca tinha visto um fruto mais gordo na minha frente nem tampouco bebido o suco, tomado o sorvete ou experimentado a pinga de cambuci, mas saber da ameaça despertou em mim a urgência de fazer alguma coisa.
Desde então virei uma obcecada! Você pode achar engraçado o exagero (e eu também acho!), mas é verdade. Ando que só falo nisso!

Ainda no início do ano passado ganhei cerca de 5 quilos do fruto podre - colhidos ao pé da árvore às vésperas de irem para o lixo - e resolvi encarar a missão de fazer as sementes germinarem. Não é uma espécie fácil, não produz muitas sementes nem germina em qualquer condição, mas estudei um pouco a respeito das exigências e me propus o desafio.
Foram horas despolpando frutos estragados cheirando a vinagre (e eu detesto vinagre!), mais horas escolhendo as sementes mais promissoras e mais meses regando diariamente uma bandeja de terra sem a certeza de que dali viria alguma vida, mas um dia um brotinho apareceu trazendo a boa nova: deu certo! (leia aqui o post da época)

Depois desse primeiro vieram centenas de brotos, e cada um deles fez crescer em mim a sensação de estar, realmente, fazendo a minha parte. É indescritível!
Como infelizmente não tenho espaço para criar centenas de árvores, fiquei com alguns poucos e doei o resto para um viveiro amigo, com quem faço trabalhos voluntários de vez em quando, e tenho sempre notícias deles, meus filhotes cambucis.

Mas chegou de novo a época de frutificação do cambucizeiro (meados de fevereiro e março), e minha obsessão adormecida acordou! Por que não fazer tudo de novo?
Conversei com gente conhecida, pesquisei na internet, mandei e-mails, dei telefonemas e já consegui alguns frutos, mas ainda é pouco.
E foi então que veio a Mamma, criativa minha mãe, com uma ideia: por que não pedir ajuda no blog?

Pois estou aqui, prezado leitor, convidando você a participar comigo dessa empreitada. Topa me ajudar na missão de produzir o maior número possível de árvores de cambuci?
A espécie ocorre naturalmente apenas nos estados de São Paulo e Minas Gerais, na parte da serra do mar que dá para o planalto paulista e no início do planalto em direção ao interior, na mata pluvial Atlântica.
A região já não é muito extensa, e pra piorar a árvore não é muito frequente mesmo no seu habitat natural, então...

Mas não desanime! Se você tem vontade de ajudar, o primeiro passo é conversar com parentes, vizinhos, amigos e os conhecidos que tem sítio no interior ou casas antigas na cidade. Algumas décadas atrás a fruta foi bastante cultivada em pomares domésticos, então aquela velhinha simpática que mora na sua rua pode ter um pé de cambuci no quintal. Ou a irmã dela, ou uma amiga...
E a proposta é a seguinte: você me manda um tanto de frutos (maduros e até mesmo podres) ou me dá dicas de onde encontrar um cambucizeiro, eu cuido de todo o processo de beneficiamento das sementes, germinação e acompanhamento dos primeiros 6 meses (é uma árvore leeeenta pra crescer) e em retribuição te dou uma porcentagem (3%?) das mudas que nasceram das sementes que você conseguiu. O resto das mudas será encaminhado ao viveiro amigo, a projetos de reflorestamento e plantado em praças, parques e vias públicas de São Paulo, como já era o plano para os germinados no ano passado.

Quanto mais gente participar maiores as chances de um resultado incrível, porque além da quantidade, um outro fator importante é a variedade genética. Um reflorestamento de qualidade é feito com árvores de diferentes características genéticas mesmo se tratando de uma mesma espécie, neste caso o cambuci. Quanto mais fontes de sementes, melhor. Porque cada uma delas traz no seu DNA traços específicos, "qualidades" e "defeitos", e se todos os exemplares plantados no estado, por exemplo, forem filhos de uma mesma matriz, a variedade genética, característica importantíssima para a preservação da espécie, será pobre.

Aliás, para incrementar ainda mais essa questão da variedade de DNAs por aí, a ideia é te mandar de volta mudas de origem diferente das sementes que você doou, assim o resultado será ainda mais embaralhado.

E então, quem se anima?
Deixe um comentário, seu telefone ou endereço de e-mail e vamos logo começar com isso!




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