Coisas abjetas
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Coisas abjetas


Poucas vezes tenho transcrito, na íntegra, o que outros escrevem. Mas, como disse José Duarte de Oliveira Júnior, há todavia certos factos perante os quais é uma vergonha o silêncio. Por isso, reproduzo o texto que o João Martins escreveu sobre mais um abate,  sem qualquer explicação, de árvores em Loulé. Para se ler e refletir:

"Terça-feira, 1 de Novembro de 2011, feriado nacional. Diz-me a mãe do meu filho mais velho que tem seis anos que foi ele que lhe fez uma pressão brutal para telefonar ao pai para avisar que estavam a abater mais árvores na cidade de Loulé. Saio de casa e vou direito ao Monumento Duarte Pacheco. A maior parte das árvores estão sinalizadas para intervenção. Uma parte delas vão ser abatidas (algumas já foram no período da manhã) outras vão ser podadas de uma forma que não lembraria ao diabo. Um Vereador da Câmara Municipal de Loulé passea-se por ali a assistir ao exercício de devastação ambiental. Pergunto-lhe se é o vereador que a filha esteve na escola de Almancil. Diz-me que não ficou. Digo-lhe que estou indignado com mais um incompreensível abate de árvores na cidade de Loulé. Diz-me que não me devo dirigir à sua pessoa uma vez que não o conheço de nenhum lado. Respondo-lhe que sei que é vereador e portanto não me interessa se não me conhece, interessa-me sim a forma como os responsáveis políticos gerem os recursos públicos. Aparece de seguida a Gaia Ciência. Eu sou arquitecto paisagista. Posso-lhe explicar. Digo-lhe que há um padrão de abates desde há três anos no concelho que refuta qualquer tipo de explicação cientificamente credível. Esqueci-me de perguntar ao senhor arquitecto se foi ele o responsável pela intervenção desastrosa no Parque Municipal. Espero bem que não tenha sido, não vá eu ficar a perceber que as ciências ambientais na cidade de Loulé andam pela rua da amargura. Fui derrotado pela sábia vereação política e pela sabedoria científica do senhor arquitecto. Desejei-lhes bom feriado e fui-me embora para casa.

Domingo, 6 de Novembro de 2011. Vou comprar o jornal e de novo o abate continua. O cenário agora já é desolador. Ao longe um operário do abate gesticula quando me vê tirar fotografias. Pergunto-lhe se não posso. Diz-me que tenho que ter autorização. Digo-lhe que o fascismo está a chegar mas ainda não chegámos a tanto. Estou em plena rua, o espaço é público (por enquanto) e posso tirar fotografias às arvores abatidas e trituradas que eu bem entender. Continuo a tirar fotografias, quando dou por mim está um empregado da CML a espreitar por detrás de mim para a máquina. Pergunto-lhe se está incomodado com as fotografias. Diz-me que não. Que só não quer que tire fotografias à sua pessoa. Digo-lhe que estando ele atrás de mim ainda não tenho tecnologia fotográfica que tire fotografias em sentido contrário. Passado um bocado tenho quatro ou cinco indivíduos a questionar-me sobre as fotografias e alguns gozam com a minha preocupação ambiental. Vim embora. Não me atrevi a importunar mais tão importante função que tanto contribui para o desenvolvimento sustentável do concelho. Indignados por ali. Nem vê-los." João Martins.


O desprezo que os nossos representantes autárquicos nos devotam é proporcional à indiferença e inércia, perante a vida nas cidades, de muitos cidadãos. Dessa inércia são vítimas não apenas as árvores, mas os próprios cidadãos que se veem privados da qualidade de vida a que têm direito. Ainda que o não saibam.




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