De novo, a "época amarela"
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De novo, a "época amarela"










Mais do que o passado, deve-nos interessar o futuro. Mais do saber como chegámos aqui, será decisivo compreender como poderemos sair deste estado de coisas. Mas claro, aprendendo com as lições do passado.

E será que no nosso país, em termos de invasoras, aprendemos alguma coisa com o passado?

Claro que é interessante analisar a acção do Estado em termos de apoio à investigação nesta área e no combate efectivo à expansão de espécies invasoras/reconversão de zonas invadidas.

Apesar dos aspectos evocados no parágrafo anterior, considero que todas estas medidas serão sempre desconexas se não alterarmos, de forma profunda, a nossa ocupação do território.

Pelo menos no caso de muitas espécies invasoras, como é o caso da mimosa (Acacia dealbata Link), o avanço na área ocupada tem sido favorecido pelo abandono da agricultura e da exploração florestal.
É esta forma cada vez mais desadequada como ocupamos o nosso território e o exploramos, em termos agrícolas e florestais, que favorece um cada vez maior desleixo na paisagem, visível no avanço imparável das espécies invasoras.

Também o desleixo que votamos à limpeza das bermas faz destes espaços, onde a luz é um bem abundante, territórios preferenciais de avanço para muitas espécies que encontram neste factor, a quantidade de luz, um factor preferencial em termos de concorrência com as espécies nativas. Tal é o caso da referida mimosa, aquela que será, provavelmente, a mais agressiva das invasoras presentes no território continental.

[Observe-se nas imagens como as mimosas se concentram na berma das estradas (primeira imagem) e nas orlas de pinhais abandonados, favorecidas da abundância de luz].

No entanto, continuo a insistir que a primeira batalha a ganhar é a da informação. As pessoas que frequentem este blogue e outros de temática semelhante, fazem parte de um microcosmos que, por vezes, não se apercebe da pouca informação que existe sobre este assunto na sociedade portuguesa.

E isto é profundamente dramático, numa sociedade onde qualquer pessoa pode comprar sementes pela internet, as quais chegam a casa dessas pessoas em envelopes que, por certo, não levantarão as menores suspeitas. Acrescem as sementes e as plantas que entram, todos os dias, em território nacional pelas diferentes fronteiras do país.

Qualquer pessoa pode, de forma inconsciente, contribuir para agravar este problema. E não preciso de dar exemplos relativos a espécies que ainda não estão presentes no nosso país e que poderiam revelar-se como invasoras.
Mesmo em relação às espécies que estão referidas na legislação nacional como sendo invasoras, que fracção da nossa população tem conhecimento das mesmas? Num país onde as mimosas aparecem em folhetos turísticos e continuam a inspirar raids fotográficos ou, para dar um exemplo insular, as hortênsias são a imagem de marca dos Açores, muito há ainda a fazer em termos de disseminar a informação.

Claro que a informação não elimina por si só este problema. No entanto, a partir do momento em que as pessoas estejam informadas, diminuiremos drasticamente o número daqueles que continuam a propagá-las por simples ignorância do problema.

Restarão apenas aqueles que o fazem por negligência ou por fins económicos...Ora eu quero acreditar que estes serão em muito menor número do que aqueles que o fazem por mero desconhecimento da situação.

Sem vencermos esta primeira batalha da disseminação da informação e do conhecimento, nunca venceremos as seguintes que serão bem mais árduas e demoradas de vencer.


Para saber mais sobre este problema:

- Plantas Invasoras em Portugal.
- DAISIE (Delivering Alien Invasive Species Inventories for Europe) (Nota: O projecto europeu DAISIE não se limita às questões relacionadas com a Botânica).


Para conhecer projectos nacionais de luta contra as plantas invasoras/reconversão de zonas invadidas:

- Recuperação ecológica do Cabeço Santo.
- Recuperação do património natural na Serra do Açor (o controlo da Acacia dealbata Link).





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