Desaparecida em combate
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Desaparecida em combate



Esta magnífica oliveira, com cerca de 7 metros de perímetro de tronco à altura do peito (P.A.P.), foi fotografada em setembro de 2006, junto a um viveiro de plantas situado à beira da estrada nacional 258, entre o Alvito e a Vidigueira. Foi dada a conhecer, nos primeiros tempos de vida deste blogue, através de um texto publicado a 26 desse mês (ver aqui).

Recordo-me que, na altura, ficámos na dúvida se a oliveira não teria sido transplantada para o local, mas, ingenuamente, apesar de estar à porta de um viveiro, nunca nos passou pela cabeça que pudesse estar à venda.

Infelizmente, passados alguns meses, o Miguel Rodrigues, na imagem, voltou ao local e a oliveira tinha desaparecido. A resposta à nossa pergunta estava dada: este monumento vivo tinha sido vendido!

O proprietário recusou-se a dar pormenores da venda, pelo que, pelo menos em teoria, é bem provável que a árvore tenha saído, inclusivamente, do nosso país.

Como escrevi ontem, um povo que vende árvores com séculos de história, é um povo capaz de vender a sua própria alma. Estas oliveiras possuem um valor biológico, cultural e paisagístico incalculável.  

O valor (não apenas biológico, mas também o paisagístico e cultural) que estas árvores possuem in situ não pode, em caso algum, ser replicado num sistema artificial, como num jardim. Cada uma destas árvores, integrada num olival, é um ecossistema que abriga numerosas espécies e, em conjunto, o valor do olival em termos patrimoniais é infinitamente superior, a todos os níveis, à soma das suas partes.


Para conhecer o futuro destes espécimes, após o vandalismo de todo o processo de transplante (com as severas podas da copa e das raízes), passo a citar Bernabé Moya, responsável do departamento de árvores monumentais do município de Valência e uma autoridade na matéria: "Cerca de 50% das oliveiras transplantadas morre ao fim de dois anos e entre 80% a 90% não ultrapassará os 15 anos de vida." (Fonte da informação - aqui).


P.S. - Outra coisa que me preocupa, para além do futuro das oliveiras transplantadas, é o próprio futuro dos agricultores que as vendem ao desbarato às empresas intermediárias do negócio. Quando se acabar o dinheiro da venda das oliveiras irão viver de quê? Ou será que vamos, no futuro, começar a transplantar e a exportar sobreiros ou castanheiros monumentais, por exemplo?

P.S.S. - No texto que cito, de setembro de 2006, mencionava ainda um olival com diversos espécimes notáveis, na localidade de Neves (junto à estrada que liga Serpa a Beja). Estou muito curioso por saber se subsiste ou se, pelo contrário, terá sido, total ou parcialmente, vendido.





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