Era uma vez...
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Era uma vez...


...uma daquelas tardes invernosas de Dezembro, um temporal de chuva e vento, como não há no Algarve... (esta história já terá uns 4 a 5 anos).
Passava na Avenida 25 de Abril quando deparo com um enorme choupo-branco tombado sobre um carro...não houve vítimas mortais porque a árvore desfez o lado direito do carro onde não ia ninguém! Aquela árvore tombou e foi a única, não por ser a mais alta da avenida (que não era!), mas porque já não tinha a sustentação necessária. Estaria, com toda a certeza, doente (nomeadamente, ao nível do sistema radicular).








De facto, as árvores adoecem e por vezes não existem soluções capazes de as salvar e têm mesmo que ser abatidas e substituídas por outras! Quantas câmaras municipais terão técnicos credenciados para fazer este diagnóstico? Quantas, na sua ausência, contratarão os serviços de empresas ou técnicos exteriores à autarquia, para realizar este trabalho que exige elevado conhecimento técnico? Receio bem que a resposta a ambas seja "nenhuma".

Voltando à Avenida 25 de Abril, é fácil de adivinhar o que a Câmara da Covilhã fez nos dias subsequentes...poda radical em todas as árvores da avenida, ou seja, a conclusão a tirar é: as árvores caem porque são altas! Esta medida serviu sobretudo para passar para os cidadãos a ideia de que a câmara agiu com rapidez e acautelando os interesses dos cidadãos...nada mais errado!

O pessoal que executa estas tarefas, na Câmara da Covilhã como nas demais, na melhor das hipóteses tem o conhecimento de como se podam "árvores de fruto"; a poda das chamadas "árvores de fruto" visa garantir que a árvore produza mais frutos nos anos subsequentes. Nas árvores ditas ornamentais, a poda deveria apenas ser executada, por técnicos especializados, e apenas em situações precisas, por exemplo, para eliminar um ramo onde exista uma doença, evitando que a mesma alastre ao resto da árvore. Como dizia o arquitecto Ribeiro Telles, podar um plátano não é o mesmo que podar uma macieira!

No entanto, estas podas mal executadas, não se limitam a desfigurar a árvore; o pior é que, porque não são tomados os cuidados básicos (seja por ignorância ou por pura incompetência), estas árvores vão ganhar nos anos seguintes um conjunto de doenças que as vão debilitando e logo, tornar mais susceptíveis a serem derrubadas por temporais!

Logo, a acção que a Câmara da Covilhã tomou, de podar de forma radical as árvores da Avenida 25 de Abril, não só não serviu para prevenir futuros acidentes com quedas de árvores, como tornou este cenário bem mais provável!
Deixo um conjunto de fotografias de tílias e de exemplares de Acer negundo L. As feridas no tronco e o estado decrépito de muitas destas árvores dizem tudo...

Nota: estas fotografias não são repetidas, ou seja, são todas de árvores diferentes e, como estas, poderia ter tirado muitas mais! Só mais uma pergunta: se neste Inverno, uma destas árvores tombar, de quem será a responsabilidade?






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