Plantas
O carvalho do Sr. Teixeira e outras histórias (II)
O relato iniciado na semana passada conclui-se hoje no exacto sítio onde começou, ou seja, em Curitiba, no Paraná (Brasil).
Foi de lá que me escreveu o Mauricio, descrevendo as suas deambulações pelo Sul do Brasil em busca de carvalhos e outras árvores do Velho Continente, levadas por levas sucessivas de emigrantes.
Passeando pela cidade, o Mauricio descobriu, no Campus da Universidade Federal do Paraná, uma árvore muito especial.
Tão especial que foi declarada pelo município de Curitiba, através do Decreto 921/2001, como sendo uma árvore imune de corte. Não é uma árvore qualquer, é um sobreiro!
Como frisa o nosso amigo brasileiro, o crescimento deste sobreiro é parcialmente condicionado pelas demais árvores que o rodeiam.
No entanto, como notou o Mauricio, o facto deste sobreiro ter como vizinho um pinheiro-do-pará ou pinheiro-do-paraná* [Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze], tem o maior significado: "(...) dá um certo ar de confraternização entre os nossos dois países, e poderia muito bem representar a integração entre o elemento indígena do Brasil (os guaranis, que se alimentavam do fruto da araucária) e o elemento colonizador (os portugueses, que exploram a cortiça)".
* Apesar do seu nome vulgar, esta espécie é, na realidade, uma araucária. Também conhecida pela designação de uri, termo de origem indígena, esta espécie é nativa do Brasil, sendo a árvore símbolo do estado do Paraná.
Mas a viagem pelas árvores de Curitiba não ficaria completa sem a referência a outro conjunto de exemplares imunes de corte.
Trata-se de um conjunto de 5 castanheiros plantados do lado oposto da rua, relativamente ao local onde se situa o sobreiro anteriormente descrito.
O Mauricio refere que estes castanheiros formam um conjunto de elevado interesse, o que levou inclusivamente à sua protecção, mas adianta que estas árvores deverão ser relativamente jovens, por comparação com outros exemplares de maior porte existentes em Curitiba e noutros pontos da região.
Adianta ainda que a espécie é relativamente frequente, por todo o Sul do país, por acção directa dos portugueses que se estabeleceram naquelas terras.
E foi um pouco desta herança que o Mauricio quis partilhar connosco.
Um pouco da nossa cultura vive sob a forma de árvores. Pessoalmente, não me ocorre melhor herança de uma geração para as seguintes... Agrada-me sobretudo a associação de Portugal e da sua cultura com as árvores e lamento que isto não ocorra mais vezes.
Peço desculpa ao Mauricio pelo facto dos meus textos não fazerem justiça à emotividade com que me relatou as suas descobertas, em Curitiba.
(Do outro lado do Atlântico, o amor às árvores continua vivo. O Sr. Teixeira pode continuar a descansar, para toda a eternidade, à sombra do seu carvalho centenário...)
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