Plantas
O medo das "requalificações à portuguesa"
Ao projecto HiperNatura, iniciativa liderada pelo "Continente" e que visa a reconversão de diversos jardins públicos, já foram apontados alguns pontos negativos.
Em particular, o ponto mais criticado tem sido o relativo às árvores postas recentemente à venda nos hipermercados "Continente" e "Modelo".
Deste modo, criticou-se o preço de 2 € pedido por cada exemplar, argumentando-se que na maioria dos viveiros e noutras grandes superfícies, se conseguiria melhor preço por idênticos espécimes. Não o contesto, e não tenho vontade ou perfil para defender o "Continente", mas parece-me que os 2 € não se destinam "aos cofres do Eng. Belmiro", mas antes a ajudar a financiar a dita campanha (a menos que nos andem a enganar).
O que me parece certo é que, pelo menos a julgar pelo "Continente" da Guia e do "Modelo" de Albufeira, os portugueses não se deixaram convencer pela bondade da campanha e as pobres árvores lá vão secando nas prateleiras...Culpa do preço? Culpa do "Continente" que não soube explicar a campanha? Ou culpa dos portugueses que não estão virados para ajudar a renovar alguns dos jardins nacionais?
Também se criticou o facto de não serem folhosas e de não serem espécies autóctones. Louve-se um pormenor: não são espécies invasoras ou tidas como potencialmente invasoras.
A mim, em concreto, aborrece-me sobretudo que, por entre tantos mal-entendidos e boas intenções, acabe o inferno cheio de mais uns milhares de embalagens de plástico e de um igual número de árvores raquíticas e mal amadas!
E eu? Eu também não vou comprar nenhuma árvore, confesso! Não o faço pelo preço das árvores (se acreditasse na campanha até pagava o triplo) ou por serem pinheiros e ciprestes exóticos. Não o faço, porque na minha opinião há um problema de fundo na campanha HiperNatura: o destino do dinheiro!
Dito por outras palavras, não concordo que se auxiliem as autarquias portuguesas a renovar parte dos seus espaços verdes, quando estas são as responsáveis pela mutilação anual de milhares de árvores situadas no espaço público.
Atente-se na primeira imagem que acompanha este texto, e que resulta da digitalização da fotografia da página 10 da edição da revista "Visão" (n.º 794).
Esta imagem retrata o primeiro resultado prático do programa HiperNatura: a inauguração do parque infantil do Jardim Almeida Garrett, em Ovar.
Agora atente-se no pormenor que decidi realçar da dita fotografia, ou seja, a "poda camarária" de algumas das árvores que rodeiam este jardim.
Pois bem, não contem com o meu dinheiro e o meu apoio para "isto", ou seja, para requalificações à portuguesa!
Eu acredito que as intenções sejam boas, neste como noutros casos, mas delas está o inferno cheio...
As árvores nasceram sem culpa, se não têm imaginação para mais, deixem-nas em paz e sossego!
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