Plantas
o milagre das coisas que eram minhas
Casa branca em frente ao mar enorme,
Com o teu jardim de areia e flocos marinhas
E o teu silêncio intacto em que dorme
O milagre das coisas que eram minhas.
A ti eu voltarei após o incerto
Calor de tantos gestos recebidos
Passados os tumultos e o deserto
Beijados os fantasmas, percorridos
Os murmúrios da terra indefinida.
Em ti renascerei num mundo meu
E a redenção virá nas tuas linhas
Onde nenhuma coisa se perdeu
Do milagre das coisas que eram minhas.
Sophia de Mello Breyner Andresen
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Como Uma Flor Vermelha
À sua passagem a noite é vermelha, E a vida que temos parece Exausta, inútil, alheia. Ninguém sabe onde vai nem donde vem, Mas o eco dos seus passos Enche o ar de caminhos e de espaços E acorda as ruas mortas. Então o mistério das coisas estremece...
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Outro Jardim Possível E Perdido
Jardim em flor, jardim da impossessão, transbordante de imagens mais informe, Em ti se dissolveu o mundo enorme, Carregado de amor e solidão. A verdura das árvores ardia, O vermelho das rosas transbordava, Alucinado cada ser subia Num tumulto em que...
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Breve Encontro
Este é o amor das palavras demoradas Moradas habitadas Nelas mora Em memória e demora O nosso breve encontro com a vida Sophia de Mello Breyner Andresen in "O nome das coisas"...
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Ausência
AUSÊNCIA Num deserto sem água Numa noite sem lua Num país sem nome Ou numa terra nua Por maior que seja o desespero Nenhuma ausência é mais funda do que a tua. Sophia de Mello Breyner Andresen...
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O Jardim E A Casa
O Jardim e a casa Não se perdeu nenhuma coisa em mim. Continuam as noites e os poentes Que escorreram na casa e no jardim, Continuam as vozes diferentes Que intactas no meu ser estão suspensas. Trago o...
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