Plantas
O prazer dos resultados
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Laeliocathleia paulistana vivendo no interior |
Lembro de momentos aqui no sitio em que quase todos os dias eu olhava para os lados e imaginava coisas diferentes do que via. Queria tirar o mato dali e plantar umas flores, mudar esse vaso daqui e colocar a planta direto na terra, dar uma limpada na galharada acumulada no chão e replantar a grama, escolher um bom lugar para os meus vasos de ervas…
Vim morar num lugar por onde já passou muita gente, e cada um cuidou da casa e do jardim a seu gosto, claro. Há coisas lindas que ficaram - grandes árvores que produzem nozes, frutas e flores, a própria casa, a matinha - e outras que desde o início eu queria mudar, ou construir, ou melhorar. Um dia, conversando com um dos vizinhos, ouvi que sítio é assim, tem sempre o que fazer.
Muitas vezes isso me desanimou, porque se a manutenção já é trabalho permanente, o que dizer de quando você acaba de chegar e, além de ter que tomar pé de tudo, ainda tem vontade de fazer o lugar ter mais a sua cara?
Mas aí o tempo foi passando, fui fazendo um pouco de cada vez (ou muito, tudo ao mesmo tempo!), e o ambiente foi mudando. O pezinho de amora que plantei quando cheguei de repente virou uma árvore mais alta que eu; a samambaia gostou do lugar novo e começou a brotar; as orquídeas grudaram nas árvores e já dão flores; os ipês e a jabuticabeira florescem pela terceira vez desde que estou morando aqui, os vasos de ervas e hortaliças estão lindos...
Lógico que ainda falta muito o que fazer - muito mesmo - mas o prazer de andar por aqui e ver pequenos e grandes resultados é indescritível. Nessa hora a gente sente que valeu a pena ter encarado o desafio e aprende que é preciso ter muita paciência. Nada se transforma do dia para a noite e nem teria graça se fosse assim.
Sempre fui imediatista, queria tudo pronto agora, rápido e de preferência fácil. Participaria numa boa de vários daqueles programas de transformação que a gente vê na televisão: você sai de casa e quando volta sua salinha modesta virou um ambiente de revista descolada. Seu jardim, tomado de mato, se transformou num mini jardim botânico particular com laguinho, herbário, orquidário,
chaise longue pra ler o jornal de domingo...
Só que na vida real tudo tem seu ritmo, inclusive eu, que hoje percebo que preciso de um tempo olhando um lugar, um ambiente, uma parede ou uma planta para saber o que fazer com aquilo. Capaz que exista gente que decide rápido, mas eu preciso amadurecer as ideias e "ouvir" o que o lugar ou a coisa tem a me dizer. Aprendi que quando respeito esse tempo o resultado me deixa feliz porque veio realmente de mim. É a minha cara, a minha assinatura, e tem a ver com o resto de tudo o que tenho. De outra forma seria um copia e cola de referências, bonitas talvez, mas com assinaturas estrangeiras.
Também percebi que coisinhas que ganhei de amigos queridos e visitas que ficaram por um dia ou por muitas semanas, hoje formam um quebra-cabeças super interessante de memórias que não poderia ter sido montado de outro jeito. O mesmo acontece com objetos que fui juntando ao longo do tempo. O açucareiro de barro com florzinhas da Neide, as micro orquídeas da Carol, as cerâmicas da Cynthia, as pedrinhas que trouxe do Chile, a ferradura que encontrei enterrada na horta… Tudo isso faz parte da história da minha vida e da minha casa.
Continuo com mil planos, inclusive de melhorar o que fiz e não deu muito certo, mas já colho como resultado presentinhos vindos de todos os lados e estou feliz.
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Ipê branco florido, com cara de cerejeira do Japão, com cara de flocos de neve. |
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Amora gigante. Plantei um pezinho de 50 cm, em três anos chegou a 4 metros. |
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Mini phalaenopsis, presente da Carol |
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Dendrobium fimbriatum var. oculatum |
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Jabuticabeira de meio século que dá espetáculo todos os anos |
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Tomates em vaso, muito fáceis de cultivar |
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