Tibães e a sua cerca
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Tibães e a sua cerca


Mosteiro de Tibães

O Mosteiro de Tibães (situado em Mire de Tibães no concelho de Braga), fundado na 2.ª metade do século XI, possui uma história algo atribulada até ter passado para património do estado em 1986. Para além dos motivos de interesse inerentes ao mosteiro e à igreja (templo de dimensões consideráveis e exemplo notável do período barroco), aconselho uma visita aos respectivos jardins e cerca. Estes espaços verdes perfazem, na totalidade, cerca de 40 hectares, sendo um autêntico oásis de biodiversidade com várias espécies autóctones, numa zona dominada pela monotonia do eucaliptal.
Nos jardins, destaco os buxos (Buxus sempervirens) e as aveleiras (Corylus avellana), de porte arbóreo, que aí podemos encontrar. De referir, a propósito do buxo, que apesar de ser comum na forma de sebe nos jardins do nosso país, no seu habitat natural é uma espécie ameaçada, devido à sua distribuição geográfica limitada. Deste modo, em Portugal, está referenciado apenas nos vales dos rios Sabor, Tua e Douro, sendo que o maior núcleo se situa precisamente no troço do rio Sabor ameaçado pela construção de uma barragem.
Na cerca, por outro lado, podemos encontrar vários exemplares de carvalho-alvarinho (Quercus robur), com alguns exemplares de porte assinalável, e um sub-bosque onde sobressai o azevinho (Ilex aquifolium).

Carvalho-alvarinho (Quercus robur)

Quanto às espécies alóctones presentes, destaque para dois magníficos cedros-do-himalaia (Cedrus deodara), presentes perto de um pequeno lago. À beira destes cedros, podemos encontrar uma tília (Tilia sp.), que não pude identificar até à espécie, sendo que apesar de não ter uma copa muito ampla em termos de perímetro, já em altura consegue rivalizar com os vizinhos cedros. À sombra destes gigantes, uma palmeira da espécie Trachycarpus fortunei, (espécie originária da China), tentar arranjar espaço para crescer. É de referir que estas palmeiras estão entre as mais resistentes ao frio, existindo exemplares por cá, mesmo em cidades com um clima de Inverno bem agreste, como é o caso da Guarda e de Bragança.
Cedros-do-himalaia e tília


Por último, como testemunhas da presença do Mediterrâneo mesmo no coração atlântico do Minho, podemos observar alguns sobreiros (Quercus suber). Alguns dos sobreiros existentes no parque do estacionamento do mosteiro, foram já este ano atingidos por um incêndio nas redondezas, mas dada a resistência desta espécie ao fogo, parecem ser capazes de vir ainda a recuperar a cor verde.



Sobreiro (Quercus suber)




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