Uma árvore por cada bebé, mas...
Plantas

Uma árvore por cada bebé, mas...


A edição de hoje do Diário XXI traz uma notícia que refere a intenção do Centro Hospitalar da Cova da Beira (CHCB) plantar, a partir do próximo dia 20 de Outubro (feriado municipal no concelho da Covilhã), uma árvore por cada criança nascida no referido hospital. As árvores serão plantadas no Jardim do Lago.

A notícia é excelente até pelo facto do Jardim do Lago possuir várias árvores moribundas, como aqui divulguei recentemente. Mas...

Mas, desculpem-me pelo pessimismo (porventura) injustificado, é natural que tenha algumas reservas em relação a esta iniciativa.


Em primeiro lugar, temos que ultrapassar esta ideia de que o que importa é plantar muitas árvores; tão ou mais importante é adequar as espécies e o número de exemplares ao local que essas árvores irão ter para crescer. Tão importante como plantar uma árvore é depois saber cuidá-la e não sujeitá-la às podas radicais a que assistimos todos os anos nas cidades portuguesas.
Por outras palavras, se no próximo ano nascerem duzentas ou trezentas crianças no CHCB, irão plantar esse exacto número de árvores no espaço do Jardim do Lago? Lamento, mas não vislumbro espaço suficiente para tantas árvores, ainda que sejam de pequeno porte.

Daqui resultam as minhas reservas: que irão fazer a seguir? Sujeitar essas árvores à força mutiladora da moto-serra, na expectativa de arranjar o espaço suficiente para que todas possam crescer? E, pergunto eu, porquê limitar esta iniciativa ao Jardim do Lago, quando existem tantas artérias da cidade a precisar de árvores novas? (veja-se o caso da Avenida 25 de Abril e o seu conjunto de áceres e tílias deformadas).

Um plátano


Como afirma João Casteleiro (presidente do Conselho de Administração do CHCB), na referida notícia, pretende-se que "as pessoas possam seguir o crescimento da árvore ao longo das suas vidas". E eu gostava muito de acreditar piamente nesta expectativa, ou seja, que as árvores irão ter o espaço suficiente para se desenvolver em harmonia e que não serão sujeitas às tradicionais podas camarárias.
No fundo, e para resumir, trata-se de optar por ter "árvores a sério" (como na primeira fotografia) ou "caricaturas de árvores" (como na segunda fotografia).

Afinal apenas queremos evitar que o sonho não se transforme em pesadelo!...


"Caricatura de mau gosto" de um plátano


P.S. - Queria aproveitar para agradecer a todos os voluntários que prescindiram de parte do seu fim-de-semana, para limpar a porcaria que grande parte dos portugueses abandona nas suas visitas à Serra da Estrela.




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