"Peguei, trinquei e meti-te na cesta..."
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"Peguei, trinquei e meti-te na cesta..."


alperces

14:50, Domingo, 5 de Agosto

"Desculpe, não se importa de conferir o seu bilhete? Penso que esse é o meu lugar...".
'Acho que não, o meu bilhete é para a carruagem 3, lugar 52: este!', respondeu ela com delicadeza e o sorriso possível, numa situação destas.
Olhei de novo para a folha do bilhete (impressa quatro dias antes), para reconfirmar a minha versão e, lá estava: Carruagem 3, Lugar 52!... Só que havia um pequeno detalhe, o bilhete era para sábado, dia 4 de Agosto!
E agora?!?...

Perante a minha perplexidade ela disse-me: "Sente-se num lugar livre e depois explique o problema ao Revisor. Do Comboio não o tiram.. pode é ter que pagar um novo bilhete!"
Lá me sentei, embora soubesse de que o descanso duraria pouco, pois alguém chegaria com um bilhete de reserva daquele lugar... E assim foi, quinze minutos depois!

Mentalmente, fui pensando no que haveria de dizer ao Revisor, pois não me agradava nada ter de pagar por um novo bilhete e, ainda por cima, ter de ficar de pé durante toda a viagem!
Como já me conheço um pouco, tinha a certeza de que ao tentar explicar pormenorizadamente toda o problema, iria seguramente corar e admitir que tinha sido eu o culpado da situação, pagando o bilhete e não bufando!
A sensação que eu tinha era a de que se dissesse a verdade, o Revisor não me acreditaria e eu corria o risco de me fazer passar por um "penetra de comboios", sujeitando-me ao olhar crítico de todos os passageiros... e a pagar um novo bilhete ou uma MULTA!

Fui até ao bar da carruagem, onde, cinco minutos depois, reparei de que o Revisor já estava na carruagem número 2, mesmo no meu encalço!... E num súbito acesso de lucidez estratégica, pensei: "Uma manobra de diversão, é isso de que preciso!"

Comprei uma garrafa de água, com o respectivo copo a servir-lhe de 'grande tampa', coloquei os "phones" nos ouvidos e... parti em direcção ao Revisor!
Ele olhou para mim e eu disse-lhe: "Com licença! Obrigado!" e continuei até chegar à primeira carruagem, de onde, com certeza, ele pensou que eu tinha saído para ir buscar uma água!

Cinco minutos depois, sentei-me no único lugar disponível, onde fiquei até passar a Ponte 25 de Abril. Tinha escapado!




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