A loucura à solta em Ponte da Barca
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A loucura à solta em Ponte da Barca



As imagens que se seguem foram tiradas, em Ponte da Barca, por um leitor do "Dias com Árvores".

Relata esse leitor que em Ponte da Barca existia um belo choupal...

Ponte da Barca - Fotos de Jorge Alves

Ponte da Barca - Fotos de Jorge Alves


Ponte da Barca - Fotos de Jorge Alves

Qual o motivo para tamanha barbaridade? O de sempre, a ignorância!

Tudo terá começado com a queda de alguns exemplares no último Inverno, o que, inevitavelmente, constitui sempre o álibi perfeito para justificar posteriores arboricídios.

Como já aqui escrevi, por diversas vezes, num país onde grassa o desleixo é uma sorte que não ocorram mais acidentes com quedas de árvores, dado o abandono de muitos arvoredos, por um lado, e a forma deficiente como se faz a manutenção das árvores nas cidades, por outro.

Sai caro a uma Câmara, a uma Junta de Freguesia ou a qualquer outra entidade, pagar a uma empresa especializada em arboricultura para examinar os arvoredos em espaço público e, desta forma, evitar ao máximo a possibilidade de acidentes deste tipo.

Sim, eu sei, esses serviços são caros. É por isso que as Câmaras atribuem esses serviços a outras empresas, ainda que sejam especializadas noutras áreas, como a construção civil, e que, por esse motivo, pouco ou nada saibam de árvores.
Mas levam menos dinheiro pelo serviço, justificam-se eles... E na hora de escolher, entre a segurança das pessoas e os foguetórios, está bem de ver qual é a opção da maioria dos nossos autarcas.

Mas cometido o primeiro erro, ou seja, não prevenir este tipo de situações, logo de seguida cometem outro erro ainda mais grave.
Ao menos poderiam ter aprendido com o primeiro erro e, após a queda de uma ou mais árvores, finalmente optarem pelos serviços de uma empresa competente na área, que pudesse avaliar o estado das restantes árvores.

Era isso o que deveria ter sido feito nesta situação e em todas as similares, pedir a avaliação de cada uma das árvores restantes, a uma empresa de arboricultura.
E, obviamente, em caso de ser detectada algum exemplar com pouca sustentabilidade, proceder ao seu imediato abate e substituição por outra árvore.

Mas não, pedir isto, pedir um comportamento normal e responsável, é pedir de mais a uma autarquia portuguesa: "O quê, mandar vir os maluquinhos das árvores?! Isso é caro e não dá votos...Vamos mostrar às pessoas que nos preocupamos com a sua segurança, vamos rolar todas as árvores!"

E assim foi...Não interessa que todas as restantes árvores pudessem estar plenamente saudáveis. Numa decisão baseada na mais pura das arrogâncias, rolaram-se, da forma que as imagens documentam, dezenas de árvores. É este o preço da ignorância... E por certo que ainda haverá pessoas agradecidas.

Esquecem-se essas pessoas que estas podas radicais transformam árvores saudáveis em exemplares mais frágeis, aumentando o risco de, no futuro, ocorrerem situações de quedas de ramos ou árvores.

Não se morre da doença mas morre-se da cura...


P.S. - Apesar de já ter relatado dezenas de casos similares, admito que este me provocou uma especial repugnância.
Após alguns segundos a olhar para as fotografias, consegui perceber o porquê desse sentimento.

É que ao contrário do que acontece com a maioria das fotografias de situações similares que aqui denunciei, nestas imagens são visíveis pessoas.

São visíveis pessoas sentadas, a conviver, numa floresta de árvores mortas e estropiadas. E essa é uma imagem verdadeiramente perturbadora.






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