Plantas
dormir ao relento entre as tuas mãos
Amo o caminho que estendes por dentro das minhas divisões.
Ignoro se um pássaro morto continua o seu voo
Se se recorda dos movimentos migratórios
E das estações.
Mas não me importo de adoecer no teu colo
De dormir ao relento entre as tuas mãos.
Daniel Faria, in "Dos Líquidos"
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No Silêncio Cercado
(...) Só, no silêncio cercado pelo som brusco do mar, Quero dormir sossegado, sem nada que desejar, quero dormir na distância de um ser que nunca foi seu, Tocado do ar sem fragrância da brisa de qualquer céu. Fernando Pessoa...
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No Vagaroso Andar Da Chuva
(...) Reconheço no vagaroso andar da chuva o corpo do amor: vem ferido: nas suas mãos como dormir? Como enxotar a morte: esse animal sonâmbulo dos pátios da memória? (...) Eugénio de Andrade...
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Nestes Jardins De Abril Em Que Respiras.
Há jardins invadidos de luar Que vibram no silêncio como liras, Segura o teu amor entre os teus dedos Nestes jardins de abril em que respiras. A vida não virá - as tuas mãos Não podem colher noutras a doura Das flores baloiçando ao vento leve....
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à Janela Dos Dias
Choras, e nem eu posso mais do que lágrimas, coisas frias, sobre as tuas mãos abandonadas à janela dos dias. Alta tristeza de cabelos de água, é no meu rosto que se demora - meu coração escreve na noite como quem chora. Eugénio de Andrade...
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E De Súbito...
SEM TI E de súbito desaba o silêncio. É um silêncio sem ti, sem álamos, sem luas. Só nas minhas mãos ouço a música das tuas....
Plantas