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Parque Natural da Serra da Estrela - Abril de 2008

Há poucos a defender a Serra da Estrela. Há muitos, infelizmente, a destruí-la invocando o interesse público, em favor de interesses privados bem conhecidos.

É desta forma que ao enriquecimento de uns, baseado no paradigma do turismo do alcatrão e do saco de plástico, se opõe a destruição de habitats, da paisagem e o continuado empobrecimento desta região, incapaz de suster a fuga, para outros pontos do país e estrangeiro, dos que aqui nascem.

Porém, o facto de haver poucos a defender a Estrela, não significa que não haja quem o faça de forma persistente e coerente há muitos anos, criticando com coragem e lucidez e, coisa rara noutros casos, propondo soluções alternativas.

Assim sendo, nos 30 anos dos Amigos da Serra da Estrela (ASE) cabe-me apenas dizer: obrigado!


Adenda: O comentário do José Amoreira, autor d'O Cântaro Zangado, levou-me a querer acrescentar esta adenda ao meu texto inicial.
Dizer obrigado aos que defendem a Serra da Estrela, como a ASE e o José Amoreira, não basta. É preciso também incentivar todos aqueles que, como ele, lutam para mudar o estado das coisas na Serra da Estrela. E porquê? Porque é um trabalho difícil, uma vez que os "inimigos" não se limitam a meia dúzia de autarcas ou operadores de turismo.

O problema principal continua na mentalidade de muitas pessoas da região que acreditam e defendem esta mesma lógica de mais alcatrão. Só no concelho da Covilhã, são recorrentes os pedidos de asfaltamento das estradas que permitiriam uma ligação mais direta entre as Cortes do Meio e Unhais da Serra e o maciço central da serra.

Em resumo, e apesar da crise em que estamos, resultado de um país que nas últimas décadas apenas investiu no alcatrão e no betão, tornando-nos ainda mais pobres e endividados, há quem continue a acreditar que serão as estradas que, por artes mágicas, farão de Portugal um país gerador de riqueza.

Na Serra da Estrela, especificamente, as estradas servem apenas para levar mais pressão humana e poluição a zonas ambientalmente sensíveis, aumentando o turismo de passagem, ou seja, o turismo de quem se limita a passear sem sair do carro e que, na melhor das hipóteses, dá dinheiro a ganhar a quem tem o exclusivo da maioria das unidades hoteleiras no maciço central.

Ao contrário, a serra precisa de um turismo de permanência, de quem chegue e depois a descubra lentamente (de bicicleta, a pé, a cavalo,...), distribuindo riqueza por vários operadores de turismo, criando empregos, diversificando a micro economia local.

Por isso, força ASE e força Cântaro Zangado!




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