O bom arquitecto e o "porquê" da Galiza
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O bom arquitecto e o "porquê" da Galiza


Tive ontem a feliz oportunidade de ver uma entrevista com o arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles à SIC Notícias sobre o drama dos incêndios florestais...os "porquês", as "causas", as "soluções", está lá tudo!...Aquela entrevista deveria ser de visualização obrigatória para todos, não apenas para os políticos ou os que têm algum poder de decisão/intervenção sobre a floresta, mas por TODOS os portugueses...

O arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles conserva a notável capacidade de explicar matérias complexas de uma forma tão simples que ainda que tivéssemos apenas 4 anos as conseguiríamos compreender...e as "causas", sendo complexas, são de fácil compreensão: as políticas que levaram e continuam a levar as pessoas a abandonar as aldeias e a respectiva agricultura no interior, o total caos urbanístico no litoral (com milhares de habitações e todo o tipo de construções espalhados por entre matos e matas!) e a irresponsável florestação com espécies altamente inflamáveis como o pinheiro-bravo e o eucalipto (o que num país de clima mediterrânico constitui um verdadeiro suicídio ecológico, fazendo tanto sentido como os bombeiros serem regados com gasolina previamente a irem combater um fogo!!)

Se quisermos resumir, tudo se explica com a continuada ausência de uma política de ordenamento do território em Portugal...Aliás, Ribeiro Telles insurge-se contra a "sangria" das últimas aldeias habitadas a favor das ditas cidades médias (essenciais para suster os grandes centros urbanos mas não à custa das aldeias!) e lembra que se estas questões não constarem do futuro Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (em discussão pública em http://www.territorioportugal.pt/) este documento de nada servirá!


Quanto aos que promoveram a errada florestação do país com o pinheiro-bravo (ler a propósito o romance "Quando os Lobos Uivam" de Aquilino Ribeiro) já pouco haverá a fazer, pois com certeza que a maioria já não está entre nós, mas gostava de insistir para que pessoas como os engenheiros Mira Amaral, Álvaro Barreto e todos os que promoveram a "eucaliptização" do país se chegassem à frente e prestassem contas não a uma comissão parlamentar mas ao país...isto é, nos tribunais, se fosse caso disso! Está bem, agora estou a delirar e a fingir que estamos num estado de direito!

E porquê a Galiza? Porquê uma região que apostou tudo na prevenção, vigilância e na rápida e eficaz primeira intervenção, está a viver este drama? O que aconteceu a uma região que conseguiu na década de 90 baixar a área ardida para uma média de apenas 24 mil hectares por ano? O que aconteceu ao "perfeito" Serviço de Defesa contra Incêndios Florestais (SDCIF), organismo público com poderes sobre a floresta pública e privada e um comando único na prevenção e combate? Não é este sistema que queremos "importar", assente em sapadores florestais, equipas heli-transportadas de 1ª intervenção?? Não, não é este sistema que está errado...o que está profundamente errado é assumir que isto é suficiente quando o não é, pois quando a Galiza, tal como nós, apostou erroneamente numa florestação à base de pinheiro-bravo e eucalipto, se a 1ª intervenção falha nada pára o fogo...e quando, como neste Verão, as ignições são na casa das centenas isto acontece com a maior das facilidades e todo o sistema de prevenção/combate cai como um castelo de cartas!

A lição a tirar da Galiza é que por melhor que funcione o sistema de prevenção/detecção, se não se alterar a política de ordenamento do território (incluindo a política florestal) as tragédias irão ciclicamente repetir-se...poderemos ter a ilusão, como os galegos, de que tudo corre bem durante alguns anos para depois acordarmos rodeados de chamas!



Incêndio nos arredores de Santiago de Compostela
(foto disponível em http://www.antena3.com)




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