Uma coisa boa e outra que me deixou perplexo...ou nem por isso!
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Uma coisa boa e outra que me deixou perplexo...ou nem por isso!


Comecemos pelas coisas boas...Eu não conheço pessoalmente o Sr. António Covita nem nenhuma pessoa, directa ou indirectamente, ligada à Associação de Produtores Florestais do Paul...Serve esta primeira frase apenas para tentar sublinhar a bondade dos meus elogios!Esta associação e o seu trabalho são uma luz ao fundo do túnel e a prova de que, apesar de tudo, os conselhos de quem realmente percebe de florestas, não caem totalmente em saco roto.O que esta associação tem feito é o que se impunha fazer em todo o país:
1º) Fazer o agrupamento, em termos de gestão florestal, daquilo que é o primeiro e um dos principais quebra-cabeças da floresta portuguesa, ou seja, os milhares de minifúndios e respectivos proprietários...No nosso país estes proprietários estão muitas vezes ausentes, sem interesse em se associar mas também, muitas vezes, impedindo que limpem ou intervenham nas suas propriedades (no fundo a típica e enraizada ideia de muitos proprietários agrícolas em Portugal, ou seja, esta terra é minha, posso não fazer nada dela mas também ninguém lhe toca!...) E isto já para não falar de quando estes morrem e os vários herdeiros têm interesses divergentes ou de quando, pura e simplesmente, não se sabe quem é o dono de uma determinada parcela de terreno...
Deste modo, o trabalho de associações como a dos Produtores Florestais do Paul, até pela qualidade do seu trabalho, vem provar que com profissionalismo e dedicação estes são obstáculos que se conseguem ultrapassar...e que a mentalidade tacanha de alguns também se consegue alterar!
2º) Em segundo lugar, esta associação compreendeu que a principal forma de proteger a floresta é quando se procede à plantação das árvores, isto é, através da chamada silvicultura preventiva...não que haja florestas imunes ao fogo, apenas que com o trabalho bem feito, quando este chegar (e ele, mais cedo ou mais tarde, acabará sempre por chegar), a floresta estará melhor preparada para lhe resistir...deste modo, têm feito uma reconversão de grande parte da mancha de pinheiro-bravo do sul do concelho da Covilhã, nomeadamente criando zonas de descontinuidade do pinhal, com recurso a folhosas, em muitos casos autóctones (cerejeiras, sobreiros, etc.).

Esta associação não se limita apenas à gestão florestal, tendo plena consciência que pode e deve intervir na sociedade que a rodeia, nomeadamente na defesa do ambiente, de que a recolha voluntária de lixo no maciço central da Serra da Estrela é apenas um dos exemplos...Mas talvez o exemplo mais notável da sua intervenção nesta região e no país, tenha sido o facto de terem conseguido implementar um projecto Life, através do qual procuraram recuperar e conservar habitats prioritários na Serra da Estrela (na Reserva Biogenética e zona envolvente). Entre estes, destaque para a recuperação de cervunais e de florestas de teixo (ainda que esta última parte tenha sido, lamentavelmente, bastante comprometida com o incêndio do Verão passado no Vale Glaciar do Zêzere).
Alguns dirão, e com toda a razão, que este tipo de iniciativas de conservação da natureza deveriam ser uma responsabilidade do Estado. E está correcto!...Mas tão ou mais correcto, é que a dita sociedade civil, de que a Associação de Produtores Florestais do Paul faz parte, não pode ficar à espera que o estado faça tudo o que lhe compete...existissem mais pessoas e associações que assim pensassem e agissem e o país estaria um pouco melhor! Não se trata de desresponsabilizar o estado das suas obrigações, apenas assumir que em nenhum país do mundo o estado pode fazer tudo e que todos nós temos responsabilidades que devemos assumir!
Por mim, como português e covilhanense que ama esta Serra única, tenha apenas uma palavra...obrigado!

Quanto à notícia que eventualmente me teria deixado perplexo, está relacionada com a detenção no passado dia 22, de um cidadão português na Galiza (Ourense), por se suspeitar ser o presumível autor de 3 incêndios naquela região espanhola...isto de facto, poderia deixar-me perplexo não fosse concordar com o Luís Afonso do Público, pois de facto esta exportação do know-how nacional só peca por tardia!!!! http://www.publico.clix.pt/bartoon/index.asp?dia=23&mes=08&ano=2006&x=10&y=7




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