Plantas
Porque sou contra...
Foz do rio Tua (digitalização a partir de uma fotografia tirada da linha do Tua em Março de 1996)Nem o mais fundamentalista dos fundamentalistas será contra todas as barragens. Não me considero, em consequência, como um fundamentalista apenas por ser contra a construção de uma barragem em particular, a da foz do rio Tua.
Sou contra esta barragem por motivos bem simples: pelo que foi dado a conhecer publicamente, a rentabilidade desta estrutura não justifica a destruição de um vale único e dos valores naturais que encerra, incluindo ainda as implicações negativas que a mesma terá na economia da região duriense ao nível do turismo.
O Douro tem tudo para ser uma história de sucesso no que toca à rentabilidade turística aliada à preservação da paisagem. No entanto, as pessoas com poder de decisão em Portugal consideram que, talvez para não destoar do resto do território, também aqui é impossível conciliar o desenvolvimento económico com a preservação ambiental e paisagística.
Para o bem da uniformização do país estamos todos condenados ao betão e à mediocridade.
Passadas algumas décadas de adesão à União Europeia (UE), uma boa parte dos países que aderiram por último à UE, já nos ultrapassaram nos principais indicadores de desenvolvimento económico.
Alguém deveria "levar este país à psicanálise" para tentar encontrar as razões da nossa obsessão pelo betão e o porquê de, depois de tantas barragens, auto-estradas, pontes e estádios de futebol, o país continuar a empobrecer a cada dia que passa...É este "milagre económico", mas ao contrário, que os apóstolos do desenvolvimento baseado no betão não conseguem ou não nos querem explicar.
Claro que este empobrecimento do país não é geral e não atinge aqueles que, entre nós, beneficiam do culto ao "Deus betão", os mesmos que parecem ser os únicos a lucrar com a construção desta barragem no Tua (a par dos grandes accionistas da EDP).
Mostrem-me um exemplo de uma cidade, concelho ou região do nosso país, que se tenha desenvolvido à custa da construção de uma barragem* e eu serei o primeiro a apoiar a construção desta estrutura no Tua. (Aliás, não deixa de ser altamente significativo a oposição do autarca de Mirandela à construção da barragem do Tua).
* Espero que ninguém tenha "pensado" no Alqueva, até porque esse é o pior exemplo possível que pode ser dado em Portugal em diversas vertentes, desde o planeamento à execução.
É claro que o país necessita de reservas estratégicas de água e de fontes de energia não poluentes; embora o pretexto do dito "aquecimento global" para justificar a construção desta e de outras barragens seja um supremo exemplo de hipocrisia política!
Não me parece pelo que foi tornado público dos estudos que sustentam a construção da barragem do Tua, que a mesma seja imprescindível ou tenha um impacto significativo numa estratégia nacional, quer em termos de política da água, quer em termos de política energética.
Ao nível da gestão dos seus recursos hídricos e dos seus recursos energéticos, o país continua a desperdiçar as suas principais riquezas: a poupança e um uso eficiente desses mesmos recursos!
Num país pobre em recursos, incluindo os económicos, este uso eficiente da energia deveria ser a nossa principal prioridade. Ao invés, o país continua a dar exemplos flagrantes de desperdício de energia, desde a iluminação pública das cidades até à construção dos edifícios.
O Estado central, por exemplo, continua a não ter uma estratégia que privilegie o uso do transporte ferroviário face ao rodoviário e, com a construção desta barragem, prepara-se para encerrar em definitivo mais uma linha de comboio. Tudo em nome do combate ao "aquecimento global"! Brilhante...
É estranho como em Portugal "não existem" fundamentalistas do betão e, pelo contrário, abundam os velhos do Restelo, os que se opõem ao "desenvolvimento"...Enfim, essa tribo dos ambientalistas (estes sim, os verdadeiros fundamentalistas!). E, no entanto, hoje estamos mais pobres do que ontem e cada vez mais longe de espanhóis, eslovenos ou alemães.
Tenho para mim como verdade a seguinte constatação: um povo que não consiga impedir a construção da barragem do Tua, que não se revolte com a destruição de um património único, é um povo que não merece o seu país, que não merece Portugal!
Seja um dos que não se resigna e assine e divulgue a Petição pela Linha do Tua Viva. Obrigado.
P.S. - Para ler também: "Destruir a natureza em nome do ambiente".
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