Plantas
Terrarium sem terra = Aerium. Faça um de presente para o dia das mães
Nesse ano as duas mães novatas da família, Mari e Flavinha, vão ganhar presente de dia das mães pela primeira vez. Ambas vieram me dizer que os filhotes estão preparando surpresa na escola, que elas estão ansiosíssimas e que com certeza vão chorar.
Fiquei me lembrando dos presentes que fiz para a minha mãe, quando criança, e da ansiedade de filha que sentia. Será que ela vai gostar, será que vai usar, será que escolhi a cor certa? E claro que até hoje me lembro também de muitas caras de surpresa e orgulho que a mamma fez, mesmo quando o presente era meio torto ou mal acabadinho.
Só que o tempo passa, a gente cresce e começa um tal de comprar presente para o dia das mães. Uma blusa, uma bolsa, um celular novo ou qualquer outra coisa que às vezes ela nem precisa, mas é dia da mãe e a gente que se vire para comprar algo de que ela vá gostar. Não está escrito em lugar nenhum que tem que comprar - as mães sempre se emocionaram com os presentes feitos pelos filhos - mas todo mundo entra nessa onda consumista e esquece que um dia foi diferente: nossos primeiros presentes foram criados por nós mesmos. Eram desenhos, colagens, peças de argila, cerâmicas pintadas... tudo carregado de carinho, dedicação e personalidade.
Então dessa vez, inspirada pelo passado e pela minha própria mãe, que fazia
terrariums quando eu era criança (veja neste post), juntei material em casa e montei
aeriums, para inovar.
Pense num
terrarium sem terra, composto por plantas que vivem de ar e água. Esses são os
aeriums. Tilandsias (fala-se tilânsias) são as habitantes desse ambiente que pode parecer inóspito mas é mais do que suficiente para que esse gênero de plantas viva satisfeito e verdejante. Existem mais de 400 espécies de tilandsias, todas com a capacidade de retirar umidade e nutrientes do ar, por isso não precisam de solo para viver. São plantas epífitas mas não parasitas (vivem sobre outras plantas porém não as prejudicam), e se alimentam e se hidratam pelas folhas, portanto suas raízes existem apenas com a função de suporte. Na natureza é comum encontrá-las aderidas a troncos e, nos ambientes urbanos, as tilandsias também se prendem em postes, fios elétricos e antenas. Por que, então, não gostariam de viver em um belo vidro com pedras, pauzinhos e cascas de árvores?
Hoje fiz três
aeriums, todos com material reaproveitado, como eram os presentes na época da escola. O vidro maior estava vazio, encostado há um tempão na dispensa. O médio tinha um pouco de areia no fundo e uma vela queimada pela metade. O pequeno guardava um restinho de cúrcuma, que foi para outro vidro menos bonito.
No quintal recolhi cascas de árvores, um pouco de areia, esfagno e substrato para orquídeas de um vaso que desmontei e pedrinhas de diversos tamanhos.Também me lembrei de pegar no armário duas pedras bonitas que um dia roubei de um canteiro, na rua.
Depois saí para coletar as plantas, e essa foi uma das partes mais gostosas. Moro em sítio, então meu passeio foi em casa mesmo, mas você pode ir a um parque munido de alguma embalagem e do olhar bem atento, e certamente encontrará diversas formas de vida vegetal presas às árvores.
Peguei três ou quatro tipos de tilandsias que temos por aqui e mais outros verdinhos que encontrei pelo caminho. No centro da foto acima aparece uma mudinha de orquídea que acabei não usando, e no alto à esquerda estão umas cascas de árvore cobertas de musgo, que gostam de mais umidade que as tilandsias mas resolvi usar assim mesmo, como experiência.
Com tudo reunido, resta soltar a criatividade porém seguindo alguma lógica: embaixo vão sempre as pedras, que são mais pesadas e farão as vezes de solo. Por cima delas pode ir areia num cantinho ou outro, para compor o visual e fazer uma boniteza, mas não é necessário. Por último vêm as plantas, colocadas onde o feeling indicar e sempre apoiadas de alguma maneira, para que fiquem estáveis.
No vidro maior usei duas tilandsias com as raízes enterradas nas pedrinhas do fundo, uma pedra daquelas roubadas na rua, um pedacinho de casca de pinus e um galhinho na vertical, com uma micro-tilandsia presa no alto. Ela já estava grudada nele, eu os encontrei caídos na grama.
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Vidro maior visto de frente, |
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de costas (ou da outra frente) |
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e de cima. |
No vidro médio fiz o fundo com substrato para orquídeas, que tem casquinhas de pinus e pedaços de carvão, coloquei duas tilandsias diferentes (uma presa num pauzinho), a outra pedra roubada na rua e um pedaço grande de casca de árvore (acho que do ipê branco).
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Uma frente |
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a outra frente (com mais cara de costas) |
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e de cima. |
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No vidro de tempero fiz a versão mini-aerium, para enfeitar a janela da cozinha. Fundo de pedras, uma casca de árvore com musgo e duas tilandsias bem pequenas.
Uma colher, uma pinça comprida ou palitos de comida japonesa e um pauzinho fino são ferramentas importantes na hora da montagem se os vidros foram longos de boca estreita, e um borrifador é apetrecho fundamental permanente; ele será o regador. Assim como chove lá fora, é preciso repor a umidade dentro do vidro de vez em quando. A frequência vai depender de alguns fatores:
- fundos feitos com cascas de árvore e substrato para orquídeas retêm um pouco de água, portanto podem ser regados menos frequentemente do que fundos feitos com pedras.
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aeriums em vidros fechados praticamente não perdem umidade, mas os abertos e principalmente os montados em vidros de boca larga secam em poucos dias.
- se o
aerium é aberto, recebe um pouco de luz solar direta, está em local com ar condicionado, com corrente de ar ou todas as alternativas anteriores, será necessário umedecê-lo com certa frequência. Talvez a cada 5 ou 7 dias.
Normalmente rega-se um
aerium uma vez por semana ou uma vez a cada duas semanas, mas tudo depende do quanto de água foi colocado na rega anterior e do quanto evaporou desde então. É preciso observar as plantas, a cor das pedras e das cascas e o estado do vidro por dentro. Se está embaçado ou tem gotinhas de água em algum lugar, ainda não é hora de molhar de novo. Se as pedras e cascas estão escuras, também quer dizer que ainda há umidade por lá.
Quanto à luminosidade, tilandsias gostam de bastante luz difusa e um pouquinho só de sol direto, menos de uma hora por dia. Não mais do que isso porque estão acostumadas com ar fresco, e sol direto esquenta muito, principalmente em casos de
aeriums fechados.
Acertados esses detalhes, é um mini jardim facílimo de cuidar. Se sua mãe gosta de plantas e você tem vontade de surpreendê-la com um presente diferente, personalizado e feito por você, arregace as mangas e corra já montar um desses para ela.
A seguir deixo fotos de tilandsias do meu quintal, para te inspirar e ajudar a identificá-las no passeio no parque.
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Essa está presa numa haste de ferro da antena de rádio |
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Este é um líquen, não uma tilandsia, mas se você conseguir desgrudá-lo ele também pode ir para o seu aerium. |
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