E os 3 000 sobreiros, senhor Presidente?! (3ª Parte) - As declarações do Presidente da Câmara Municipal da Covilhã
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E os 3 000 sobreiros, senhor Presidente?! (3ª Parte) - As declarações do Presidente da Câmara Municipal da Covilhã


Sobreiro na Zona Industrial do Tortosendo (Covilhã)

Confrontado com o comunicado da Quercus sobre as intenções da Câmara Municipal da Covilhã face ao abate de 3 000 sobreiros, eis a reacção do próprio Presidente da autarquia, em declarações proferidas ontem (14 de Outubro): "A Quercus age quase sempre com posições reaccionárias, que é o que caracteriza essa associação. Como sabem a Quercus é um negócio e, portanto, tem pouca credibilidade na Câmara da Covilhã. Nós vamos fazer tudo de acordo com a lei, estamos a cumprir a lei e só gente ignorante é que pensa que se pode andar a construir diferentes fases em diferentes sítios em relação às quais nem sequer dão alternativa.
O processo tem de arrancar no próximo ano, porque nós já temos terrenos comprometidos para diversas iniciativas e, para além disso, o próprio Conselho de Ministros decidiu há 15 dias que estávamos perante uma necessidade absoluta de desbloqueamento daqueles terrenos (...) há projectos PIN que muito possivelmente serão decididos para ali se instalarem centenas de postos de trabalho, portanto eu acho que estas organizações [Quercus] são perfeitamente irresponsáveis quando se colocam em posições de sobranceria."


1º) Para o Sr. Carlos Pinto, discordar dele, revela um espírito reaccionário e ignorante...Desculpe, a Covilhã merece mais e melhor!

Merece um Presidente que dê explicações e que não insulte a nossa inteligência! Por isso, basta do discurso das "forças de bloqueio", das "pessoas estão primeiro que as florinhas e os animaizinhos" e, sobretudo, de querer transmitir implicitamente a ideia que destruir 3 000 sobreiros é essencial para o concretizar de projectos de investimento no concelho.

Sabendo que o sobreiro é uma espécie protegida por lei em Portugal, e que as preocupações ambientais são uma parte importante do marketing empresarial nos dias que correm (ainda que com muita hipocrisia associada), qual será a empresa e o empresário que quererá ficar associado a esta "mancha" ambiental?

Que tipo de empresas e de empresários está a Covilhã interessada em atrair para o concelho?

Qual a empresa que vislumbrará vantagens competitivas em se instalar num concelho, associado a um folhetim ambiental e à respectiva má publicidade, e em que o seu Presidente se refere a respeitadas associações nacionais de defesa do ambiente*, como sendo "reaccionárias" e um "negócio"?! Qual será o empresário que quererá aparecer na "fotografia" ao lado de um autarca que não hesita em sacrificar terrenos com tantas limitações agrícolas e ambientais?

* Em 1992, a Quercus recebeu o Prémio Global 500 das Nações Unidas e o título de membro honorário da Ordem do Infante D. Henrique, atribuído pelo Senhor Presidente da República, Dr. Mário Soares.



2º) O Presidente da Câmara da Covilhã (CMC) não tem que referir o nome das empresas, ou mesmo os respectivos sectores de actividade, que estão interessadas em investir no concelho. Afinal de contas, o segredo (ainda) é a alma do negócio!

O que o Sr. Presidente tem que explicar é bem mais simples: porque é que são necessários 83 hectares de terreno, ligeiramente mais do que a actual área da Zona Industrial do Tortosendo (ZIT), que é de 81 hectares**? Afinal, de quantas empresas e de quantos PIN estamos a falar?

** De acordo com as informações do próprio "site" da CMC.


Que alternativas de localização foram estudadas para estes investimentos? Onde estão e quem executou esses estudos de localização? Por que motivo foram abandonadas essas localizações? Por que motivo não se utilizam, para a expansão da ZIT, os terrenos circundantes à mesma e definidos no actual PDM, como sendo de uso industrial?

No fundo tudo se resume a esta simples e singela dúvida: existindo nas imediações da ZIT terrenos definidos no PDM, para a respectiva ampliação, porquê esta obsessão e fixação com estes 83 hectares que estão integrados nas Reservas Agrícola e Florestal?

Dificilmente se poderiam escolher terrenos com mais condicionantes...Se eu acreditasse em "teorias da conspiração", até acreditaria que se está aqui a criar um "caso" de forma propositada!


P.S. - As fontes das declarações citadas do Presidente da CMC são a "Rádio Cova da Beira "e o "DiárioXXI".




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