Plantas
Excerto de um dos Diários Gráficos (2002)
10 de Novembro
Existe nas palavras algo de corpóreo, que provém da sua dimensão simbólica e que nos seduz quando compreendemos a utilidade da abstracção.
"Tudo" nos reenvia para a ideia de corpo, no seu sentido mais lato, e da qual nos é difícil escapar. Mesmo que o corpo "iluminista" seja diferente do corpo "modernista" e que este, por sua vez, se distinga do corpo "pós-modernista" ou mesmo "cibernético", o facto é de que esta espécie de funcionamento em "círculo", como refere Lyotard, nos revela continuamente a nossa própria identidade, sendo que fomos, somos e seremos sempre "corpos" distintos no tempo.
É residual o que de genuíno en nós existe. Tal não significa que sejamos por natureza dissimulados ou sequer de que desse facto tenhamos a consciência, mas de que, através das aprendizagens dirigidas à nossa integração social, somos "formatados" para (re)produzir determinados gestos, ideias, ou seja: comportamentos.
A capacidade que o ser humano tem em se autoquestionar, questionando desta forma também o mundo que o rodeia, torna-o mais susceptível de, rapidamente, passar de presa a predador e vice-versa.
A lucidez também pode matar.
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A maior prova de que percebemos o quão pouco somos e de quão curta é a nossa vida, está nesta ansiedade de exteriorizar a nossa própria essência, seja através da reprodução da espécie, seja através da produção de obra intelectual que, acreditamos,...
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Lindas São As Pessoas*
Passamos a vida inteira a tentar perceber o Sentido das Coisas. Quando essa tarefa se torna difícil ou, praticamente impossível e para a sobrevivência da nossa própria sanidade mental, optamos por (às coisas) lhes inventar Sentidos, para-Sentidos,...
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Poder-se-á pensar de que a nossa complexidade, enquanto seres sociais, é inversamente proporcional à nossa previsibilidade: Quanto mais complexos, menos previsíveis. Mas, parece-me, não existir uma relação directa (positiva ou negativa) entre...
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Não te quero senão porque te quero, e de querer-te a não te querer chego, e de esperar-te quando não te espero, passa o meu coração do frio ao fogo. Quero-te só porque a ti te quero, Odeio-te sem fim e odiando...
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