Um dia de muitas coisas...a Primavera é assim
Plantas

Um dia de muitas coisas...a Primavera é assim



Dia da Árvore, Dia da Infância, Dia da Poesia, Dia da Marioneta

O UNEP, Programa de Ambiente das Nações Unidas, definiu como objectivo para este ano, a plantação de mil milhões (1.000.000.000) de árvores – em média, uma por cada 6 habitantes.
...faltam registar mais de 974 milhões.

oak alley, St. Simons Island, Georgia
Stephan Malkof


Nos EUA, onde começou a ser comemorado, o dia da árvore deu até origem a uma Fundação. Vale a pena a consulta do seu site. Para além de ficarmos a conhecer múltiplas formas de auto-financiamento, disponibiliza-se muita informação... é um bom exemplo de site dinâmico, fácil de consultar, coerente com o lema inscrito: “we inspire people to plant, nurture and celebrate trees” - The National Arbor Day Foundation

Esta Fundação lançou recentemente uma votação para escolher a árvore nacional dos EUA, que foi ganha pelo Carvalho (oak), com mais de 100.000 dos 444.628 votos


Há 100 anos comemorou-se pela primeira vez o dia da Árvore em Portugal.

No artigo do Engenheiro José Neiva Vieira, na naturlink, a que cheguei através desta página no dias-com-árvores, encontra-se muita informação sobre as origens das comemorações do dia da Árvore.
Aí ficamos a saber que há 100 anos, “em 26 de Maio de 1907 no Seixal realizou-se a 1.ª Festa da Árvore, promovida pela Liga Nacional de Instrução. Nesse mesmo ano, a 19 de Dezembro, realiza-se em Lisboa, com o apoio da Câmara Municipal, outra Festa da Árvore."

Não foi para comemorar este centenário, mas não deixa de ser motivo de regozijo o facto de, desde o início de 2007, o anúncio de novas árvores classificadas de interesse público ter passado a ser feito no site da DGRF, onde podem ser consultados os respectivos avisos.
Para além da facilidade de acesso a essa informação, passamos a contar também com a localização em excerto da carta militar 1:25.000, a cores (com qualidade muito superior às cópias, que nem sempre eram incluídas, nos avisos publicados no Diário da República) Avisos de classificação de árvores de interesse público


Cedro do Bussaco, Cupressus lusitanica

JN, 2006


O Cedro do Jardim França Borges/do Príncipe Real, além de ser a mais famosa é também a árvore há mais tempo classificada de interesse público, em Lisboa (desde 12.02.1940)

Em Portugal, a árvore há mais tempo classificada é um Plátano em Portalegre. No cada vez mais e melhor “arborizado” dias-com-árvores, podemos vê-lo e podemos também encontrar muitas informações e fotografias sobre árvores classificadas em Portugal.

Placa de informação de Árvore de Interesse Público

JN, 2006

Nos últimos anos têm sido desenvolvidos, em vários países da Europa, diversos trabalhos de inventariação de árvores merecedoras de protecção especial. Em alguns casos são lançados e dirigidos pela administração central, que apesar disso conta com a colaboração das autoridades locais, de associações científicas, ambientalistas ou outras e de particulares. O caso Belga é um exemplo (L'Inventaire des Arbres), sendo a responsabilidade do trabalho do mesmo organismo encarregue da protecçao do Património Arquitectónico (o nosso IPPAR).

Noutros casos, são organizações não governamentais que assumem um papel determinante. Como em Inglaterra com o Projecto Ancient Tree Hunt

Em França, em 1996, foi relançado um inventário que identificou mais de 2000 árvores. No site do ONF (a nossa DGRF) é possível consultar uma listagem e informações sobre algumas dessas árvores.

Mas o assunto também mexe no resto do país ou, talvez melhor, o resto do país também mexe no assunto - a nível local também se realizam inventários. Em Lille, o município promoveu em 2002 um concurso aberto a toda a população para que fossem determinadas as árvores merecedoras de protecção especial - 10.000 fichas distribuídas, 69 árvores propostas, das quais 23 foram classificadas (Relatório em PDF).

No site do departamento Hauts-de-Seine, é possível consultar, a partir de uma carta com a divisão administrativa, listagens das árvores inventariadas em cada “commune”.


Cedro do Jardim França Borges

Joshua Benoliei, 1911 (Arqº Fotográfico de Lisboa)


Era útil actualizar a legislação e definir com maior rigor os critérios de classificação à imagem do que foi feito para o Património Cultural, com a sua nova lei 107/2001. Foram clarificados os critérios genéricos e os objectivos da classificação para os bens culturais, móveis ou imóveis, distinguindo-a da inventariação, tarefa complementar mas também de grande importância para a sua preservação.
Em França, por exemplo, foi realizado recentemente um inventário para classificação de jardins históricos. Alguns mereceram ser classificados, outros ficaram apenas inscritos. Mas o facto de terem sido seleccionados e listados, pode ser suficiente para a protecção e valorização que necessitam.

O decreto nº 682, de 1914, que aprovou o Regulamento de protecção das árvores nacionais também distinguia os dois "estatutos". Nele se incumbiu a Associação Protectora da Árvore de fazer o "arrolamento" das árvores notáveis e de propor "à Direcção Geral da Agricultura que sejam consideradas nacionais aquelas que julga dignas de figurar no respectivo catálogo".



A verdade é que poucos frutos resultaram desta iniciativa legislativa cujos objectivos, quase um século depois, mantêm actualidade, pelo menos em alguns aspectos.

Algumas autarquias (entre as quais a de Oeiras) têm manifestado a intenção de proceder a um levantamento que permita a identificação das árvores singulares, que mereçam protecção especial.

Por outro lado, a Direcção Geral dos Recursos Florestais, responsável pela atribuição da classificação de árvores de interesse público, desde as primeiras classificações, nos anos 30, na sequência do, ainda em vigor, Decreto-Lei nº 28 468, de 1938, acumulou um saber e uma quantidade de informação valiosos, que não devem ser desprezados.

As árvores monumentais são um património e um recurso com potencialidades pedagógicas e turísticas ainda em grande parte por aproveitar.


JN, 2006

Como hoje, para além do dia da árvore, também é dia da infância, da poesia e da marioneta, vou arriscar e, não sei bem se no papel de actor, de poeta, de criança ou de admirador de árvores monumentais, recitar a minha proposta (ou sonho, ou poema, ou ficção):

Lançar um programa de levantamento das árvores monumentais do País, solicitando o apoio das autarquias, de escolas, de empresas, de associações ambientalistas e outras com interesse e capacidade de colaborar nesta tarefa, com o objectivo de... em 2013 ter finalizado todo o processo de inventariação, selecção e classificação e editados materiais de divulgação, principalmente para utilização nas escolas e em promoção turística.
Porquê esta data? Por 3 motivos:

1º - 6 anos é um período de tempo razoável para uma missão que exigiria algum esforço de coordenação e mobilização, principalmente atendendo à óbvia necessidade de ser feita com custos reduzidos

2º - seria interessante que, passados 100 anos do decreto nº 682, de 1914, que mandava proceder ao inventário, classificação e divulgação das árvores notáveis, se tivesse conseguido concretizar os objectivos que aí foram definidos, apesar de em grande parte relativos já a outras árvores

3º - corresponderia ao final do mandato legislativo seguinte o que, tratando-se de um objectivo nacional, daria frutos à equipa actual, por ajudar a lançar o trabalho, e à seguinte, fosse ou não a mesma, por terminá-lo

Estou convencido que, de uma maneira ou de outra, vamos mesmo chegar a 2014 com as árvores “monumentais” bem identificadas, com publicações, sinalética e outra informação facilmente acessível, que ajudará a que a maior parte/uma parte maior da população tenha conhecimento do valor desse património, prazer em observá-lo e interesse na sua salvaguarda. (Ainda há optimistas não cépticos)

Biblioteca Municipal Móvel (literalmente), no Jardim França Borges/do Príncipe Real.

Eduardo Portugal, 1939 (Arqº Fotográfico de Lisboa)

Mais sinais positivos: notícia de ontem sobre um verdadeiro jardim digital literário a florescer - acesso a poesia e literatura com o projecto Gutenberg, "primeiro produtor de livros electrónicos (ou livros eletrônicos) grátis", onde já é possivel aceder a mais de 80 obras portuguesas e a muitas outras de outros países. Blog português de apoio ao projecto - pagina-a-pagina





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